Doc. 430

 

 

[Declaração dos feitos de Sebastião Martins Mestre pelo Marquês de Olhão]

 

 Francisco de Melo da Cunha de Mendonça e Meneses, Marquês da Vila de Olhão da Restauração, etc.:

Atesto que Sebastião Martins Mestre, Tenente Coronel do Segundo Regimento de Infantaria de Linha, na feliz Restauração do Reino do Algarve foi incansável o seu patriotismo, honra e actividade na defesa da Gloriosa Religião do Príncipe e da Nação. Ele coadjuvou com muita distinção ao Marechal José Lopes [de Sousa] na Revolução que fez na Vila de Olhão contra o intruso governo francês; ele recebeu uma grande contusão no ataque da ponte de Quelfes, disputando o passo com um pequeno número de paisanos armados, a cento e oitenta e cinco Granadeiros franceses; ele fez setenta e sete soldados e quatro oficiais daquela nação prisioneiros que escoltavam três barcos que conduziam as bagagens da Legião do Meio-dia do porto de Tavira para o de Faro; ele, unicamente pelos expulsos do seu patriotismo, foi pela posta a Sevilha e obteve da Junta Suprema oitocentas armas, e quatrocentas da de Ayamonte. Estes socorros foram os primeiros que eu recebi para armar os povos indefesos. Eu o mandei, depois de ter feito estes importantes serviços debaixo das ordens do dito Marechal José Lopes, ao socorro de Beja e de mais terras da província do Alentejo e, pelas informações do referido Marechal, sei que ele executou tudo quanto lhe encarregara com aquela eficácia e execução que se devia justamente esperar de um Oficial dos seus sentimentos, do seu patriotismo e da sua exemplar conduta.

Por estas circunstâncias ele se faz digno e credor que Sua Alteza Real, o Príncipe Regente Meu Senhor o tome na Sua Real Consideração.

Dada em Lisboa aos dezoito de Janeiro de mil oitocentos e dez.

Marquês Monteiro Mor

Transcrição e anotações de Edgar Cavaco