(TRADUÇãO do francês)

 

Doc. 52

  

Relatório n.º 8

 Lisboa, 25 de Maio de 1808

 Algarves

O Corregedor Mor dos Algarves [Mr. Goguet] anunciou-me, em data de 19 deste mês, que o bispo da província [D. Francisco Gomes de Avelar] se prestou com muitas boas graças a fazer ler a mensagem da deputação portuguesa no sermão de todas as grandes missas da sua diocese: ele acrescentou aí algumas observações no mesmo sentido, com reflexões contra a deserção. Ele descreve-me esse bispo como homem de espírito, merecendo a confiança, desfrutando da estima geral e muito tendo contribuído, depois da nossa entrada, para a tranquilidade pública. A mensagem da deputação Portuguesa produziu o melhor efeito; e tudo é calmo nos Algarves.

O Governador de Gibraltar [Sir Dalrymple] ofereceu doze mil homens ao General espanhol [Castaños] que comanda em San Roque [a norte de Gibraltar]; o Almirante inglês [Sir Purvis] que bloqueia Cádis, por outro lado, enviou parlamentários para oferecer socorros. Mas o resultado do dia 2 de Maio em Madrid desconcertou essas maquinações.

O restabelecimento de Carlos IV no trono, sem ter o consentimento popular até ao sul de Espanha, entretanto, acalmou os espíritos, que ficaram na expectativa dum centro de resistência.

O povo espanhol continua ainda irritado contra os franceses. Mas as Autoridades regressam aos melhores procedimentos, e puseram em liberdade aqueles que tinham aprisionado na primeira efervescência: O Governador de Ayamonte está no número daqueles que regressaram pelo seu passo.

Fala-se até Vila Real [de Santo António] e ao longo dessa costa, duma espécie de tarifa que aí será estabelecida para passar livremente a Gibraltar onde está a esquadra inimiga. O Corregedor Mor, de acordo com as instruções que eu lhe dei sobre esse assunto, verifica o que haverá no fundo desses rumores.

O Conselheiro do Governo, Intendente-Geral da Polícia do Reino, P. Lagarde

Transcrição, tradução e anotações de Edgar Cavaco